top of page
  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Quiet quitting: a demissão silenciosa

Vocês conhecem a novidade desta geração? Que de repente nem é tão novidade assim, mas ganhou uma nova roupagem e um nome da moda. A chamada “demissão silenciosa” é o conjunto de comportamentos no trabalho atribuídos, agora, especialmente a geração Z, pessoas nascidas após os anos 2000, que visa fazer exatamente aquilo para o qual foram contratados em seus empregos e nada mais, assim como não entrar em disputas por cargos melhores, não trabalhar aos finais de semana e não adotar funções extras, visando preservar sua saúde mental.


Este é um fenômeno ganhou força após a onda da Grande Renúncia, movimento de demissões em massa nos EUA durante o período da pandemia, pelas mudanças nas relações de trabalho que levaram as pessoas a refletirem sobre sua vocação e sua saúde emocional, assim como pelo aumento nas taxas de burnout relacionadas a esta dissolução dos limites entre o trabalho e a vida pessoal influenciado pelo trabalho remoto.


O termo já vem recebendo críticas por sugerir que fazer aquilo que se foi contratado significa um pedido de demissão, será que isto é verdade? Existe um discurso nas organizações que beira a meritocracia e se esconde no tema da motivação, de fazer além para obter mais como sinônimo de “vestir a camisa”. É algo a se refletir. Então este nome “demissão silenciosa” pode ser nada mais do que a resposta que as empresas estão dando ao reposicionamento das pessoas com relação as suas carreiras, ficou mais difícil explorar a mão de obra com o mesmo discurso de sempre, corra atrás das cenouras e um dia você será recompensando.


Do ponto de vista da psicologia organizacional, é importante ficar atendo a dois pontos importantes quando pensar sobre o tema: o primeiro é o de ter em mãos o documento que especifica as atribuições e competências do seu cargo, é só pedir no RH; e segundo é saber se você já cumpre com estes requisitos mínimos exigidos, uma vez que você pode ter sido contratado para se desenvolver e com o tempo atingir o que é esperado pelo cargo, caso contrário pode ser demitido por desídia (negligência).


Do ponto de vista clínico, entendo este processo como um movimento enantiodrômico (equilíbrio) das exigências desmedidas e da falta de cuidado das organizações com a saúde mental dos seus funcionários, é uma resposta ao burnout, a exigência de consumo extremo das energias até o esgotamento. É importante, sim, resistir e encontrar uma resposta para esta exploração que perdeu seu ponto de equilíbrio com as mudanças dos últimos anos. Mais ainda, é importante viver a vida além do trabalho.

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page