top of page
  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Quem tem acesso a você?

É fundamental reconhecer a possibilidade de estabelecer limites em relação ao acesso das pessoas a nós mesmos. O questionamento sobre quem merece tal acesso é pertinente, embora seja inegável que, em algumas circunstâncias, indivíduos possam ultrapassar essas barreiras sem nossa intervenção direta. Isso nos leva à reflexão de que as ações dos outros são, em última instância, de responsabilidade deles próprios, enquanto a influência que exercem sobre nós depende de nossa reação emocional e cognitiva às suas palavras e ações. Surge então a pergunta: por que permitimos a certas pessoas o poder de influenciar nossas emoções e pensamentos? Tal fenômeno está em consonância com a máxima que afirma que "quem te irrita, te domina", evidenciando a dimensão do poder que conferimos a determinados indivíduos sobre nossas vidas emocionais e cognitivas.


Quando exploramos a dinâmica posicional nas relações, estamos adentrando o âmbito das projeções do ego sobre a autoimagem no contexto desses relacionamentos. Nesse sentido, a permissividade de um indivíduo em relação ao desrespeito não reflete necessariamente um excesso de amor pelo parceiro, mas a falta de amor por si próprio. Tais manifestações estão intrinsecamente ligadas a identificações inconscientes, partes que consentem o tratamento inadequado, frequentemente decorrente da sensação de não merecimento. Essa vulnerabilidade abre um portal para uma ampla gama de abusos e violência psicológica nas relações, sendo crucial destacar que a responsabilidade não deve recair sobre a vítima, pois tais comportamentos não são voluntariamente adotados, mas resultantes de complexas interações psíquicas. A fragilidade em relação a críticas direcionadas a nós mesmos está ancorada em nossa necessidade intrínseca de aprovação e no impacto que a opinião alheia exerce sobre nossa autoestima e identidade, este fenômeno se origina no desejo inato da espécie humana de ser acolhida e amada, o que, por sua vez, torna as críticas um terreno fértil para a eclosão de sentimentos de vulnerabilidade.


Uma das principais formas de estabelecer limites nas relações interpessoais é a habilidade de dizer "não", seja para recusar tratamento desrespeitoso, evitar atividades que não desejamos realizar ou delimitar a privacidade pessoal. A complexidade envolvida na dificuldade em dizer "não" e estabelecer limites frequentemente se origina em raízes psicológicas, como o temor da rejeição e a necessidade de agradar, muitas vezes vinculados a experiências pregressas e à busca por afeto. Para superar esse desafio, é imperativo empreender uma jornada de autoconhecimento, fortalecer a autoestima, aprimorar as habilidades de comunicação e, igualmente importante, reconhecer que a capacidade de negação construtiva é saudável e inerente às interações humanas, possibilitando, desse modo, uma ampliada capacidade de autorreflexão e estabelecimento de limites saudáveis nas relações pessoais.


É importante lembrar que conflitos são inerentes à vida, fazem parte da natureza humana. Quando evitamos confrontos externos, muitas vezes os internalizamos, guardando-os dentro de nós, e isso pode causar um grande dano emocional. Negar-se a dizer "não" para alguém é o mesmo que dizer “não” para si. Por que será que você acredita que não merece a mesma consideração que dá ao outro? Não esqueça de cuidar de você também, às vezes, buscamos preencher um vazio de amor e aceitação por meio dessas concessões, mas é crucial se perguntar se esse amor é genuíno, já que estamos deixando de ser nós mesmos para agradar. Será que esse tipo de amor realmente tem algum valor? Lembre-se de que você merece ser amado e aceito exatamente como é.


É fundamental não permitir que o desrespeito encontre espaço em sua vida emocional. Às vezes, é necessário se retirar de ambientes afetivos que não são adequados para você, pois nem todos os lugares são feitos para todos nós, e você merece estar em relacionamentos onde seu valor é reconhecido e respeitado. Cuidar de si também implica examinar atentamente o ambiente que frequenta e as pessoas com as quais se relaciona, bem como estabelecer limites saudáveis. Evitar aqueles que perpetuem negatividade, pessimismo e fofocas é uma ação necessária, pois essas pessoas muitas vezes estão lutando com suas próprias sombras. Podemos ajudá-las, mas é importante priorizar a proteção de nossa própria saúde mental, inicialmente através do estabelecimento de limites e, em um segundo momento, quando apropriado, oferecendo apoio e tratamento. Lembre-se, você merece relações saudáveis e respeitosas, e o autocuidado é o primeiro passo para alcançá-las.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page