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  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

O que é real?

Como eu posso ter certeza de que, agora mesmo, neste instante, tudo isto que estou vendo desta suposta realidade não é apenas mais um sonho e, na verdade, eu estou apenas dormindo em algum lugar, noutro mundo e em outro tempo? Você consegue dizer se isto é real ou apenas um sonho? O que te faz pensar que o aqui e o agora é real? Você já teve algum sonho tão realista, mas tão vívido que de fato sentiu as emoções e as sensações do momento?


Bom, Descartes tem a resposta para isto: “cogito, ergo, sum” (penso, logo existo). O pensamento cartesiano que inaugura o racionalismo iluminista coloca a razão humana como o centro da concepção de humanidade, somos humanos e existimos porque pensamos, mais do que isto, o cultivo da razão está diretamente associado ao progresso do conhecimento da verdade. Isto implica um método para lidar com a suspeita sobre a natureza das coisas, o método da dúvida hiperbólica, devemos duvidar de tudo, porque os sentidos podem nos enganar. A razão está a serviço de todos, isto quer dizer que não há um homem mais racional do que o outro, a faculdade da razão é igual para todo mundo e isto nos dá liberdade de escolha. No primeiro parágrafo do Discurso do Método, Descartes, escreveu que “inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso” e que a “diversidade de opiniões” ocorre por direcionamento dos pensamentos e não por diferença na razão.


Mas o que isto tem a ver com a psicologia? Tudo. O método cognitivo parte do pressuposto de usar a racionalidade para reconhecer e avaliar os pensamentos que temos no cotidiano e nos momentos de crises, desde os mais superficiais da consciência ou aqueles ocultos que são automáticos até os mais profundos e enraizados, como os intermediários, as regras de conduta e os nucleares, as crenças sobre como funcionam o mundo, a vida e a própria existência.


A partir da razão podemos reconhecer os erros de pensamento ou distorções cognitivas. São elas: pensamento do tipo tudo ou nada, catastrofização, desqualificação do positivo, raciocínio emocional, rotulação, maximização, minimização, abstração seletiva, leitura mental, generalização excessiva, declarações do tipo “deveria”, “tenho que”, “e se”, visão em túnel, previsão do futuro, personalização, lamentação, culpabilização, incapacidade de refutação do negativo, julgamento e comparações. Alguns exemplos de frases que podem representar distorções cognitivas. Veja se já passou isto pela sua cabeça: “eu deveria ter feito aquilo”; “eu sinto que todo mundo me odeia”; "ninguém gosta de mim"; “isto vai dar errado porque eu sou ruim”; “nada que eu faço dá certo”; “ela me olhou estranho”; “eu consegui, mas isto todo mundo consegue”; “eu sou ansiosa”; “se até a Shakira foi traída coitada de mim”; “eu não sou interessante a ponto de fazer amigos”…


Então eu pergunto novamente, como saber se o que eu estou vivendo é real? Se minha vida e os meus pensamentos não passam de um sonho ou de erros, distorções cognitivas? Então meu sofrimento poderia ser evitado? Por meio da razão é possível reconhecer as distorções e desfazê-las, modificar regras e crenças, isto pode mudar a sua vida! Todos são capazes de fazer isto, procure a ajuda de um psicólogo.

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