A emoção continua existindo quando eu não sinto? Imagina que aconteceu algo na sua vida, uma perda, um rompimento, um estresse ou um elogio, um presente e ao passar por esta situação você não sentiu absolutamente nada. Nadinha. Nem sequer um lampejo de emoção, um rascunho torto de afetação positiva ou negativa. A sociedade nos conduz a anestesia (não sentir), a apatia (não ter paixões) e ao desânimo (não ter alma). Como na frase creditada a Freud, “somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”. Então como diferenciar se aquilo que aconteceu não me afeta ou se, na verdade, eu é que não consigo entrar em contato com o mundo colorido das emoções que vivem dentro de mim? Onde estão os divertidamente?
A palavra emoção vem do latim “emovere” que significa mover de um lugar para o outro, é quando movimentamos energia psíquica sobre algo que nos afetou, este caldeirão alquímico de misturas e oscilações acontece dentro de nós, independente da nossa concessão ou conhecimento. E mais, o resultado deste sopão de afetos constitui quase essencialmente a resposta que emitimos no mundo externo e de como vamos expressá-la, sabendo ou não deste evento.
Podemos expressar uma emoção de várias formas. Desde as formas já conhecidas como sentindo de fato as alegrias e tristezas que as constituem, como também de formas indiretas, pela ansiedade, pelas dores no corpo, projetando no outro, pela compulsão, tendo pesadelos ou mesmo em crises das mais diversas. A negação também é uma forma de reagir à necessidade de encarar as emoções, é quando não sentimos nada, nos tornamos inatingíveis. Falsamente invulneráveis. Não estou vendo nada, esse elefante branco enorme de tromba rosa pisando na minha cabeça não existe.
A questão é que, mesmo que você não queira ver ou entrar em contato com suas emoções, elas encontrarão uma forma de sair, por bem ou por mal, e então a dor que se tenta evitar poderá ser maior depois.
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