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  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Maior abandonado

Não existe angústia maior do que a impressão de que a nossa vida depende apenas de nós mesmos, é o tipo de constatação obscura que adquirimos aos 30, quando as escolhas que fizemos impõem respostas, percebemos os resultados daquilo que fizemos ou deixamos de fazer no passado, da alimentação, do corpo, da saúde, da escolha profissional e amorosa, das relações familiares e sociais. Talvez seja por isto que Freud disse que inventamos Deus, parece impossível conviver com o sentimento de desamparo do mundo caótico em que tudo depende da gente.

Estamos sozinhos no mundo? Se não tivéssemos existido, que falta faríamos? Qual é a importância então de sermos felizes? Faria diferença para o cosmos se eu vivesse bem ou mal? Jung nos dirá que o ser humano, como parte da natureza, tem uma função da sua existência, como tudo o que existe, e cada um tem uma contribuição muito específica e significativa, assim todos nós somos importantes e essenciais para o mundo. Ele escreveu que não existe morte, apenas a morte do ego, isto quer dizer que ao término da vida consciente voltamos a integrar o inconsciente coletivo, aquele que é compartilhado por todos, isto é, passamos a fazer parte de cada um que existe. 

Cada um que se foi tornou-se um pedacinho do todo. É de se pensar né, qual é o tipo de marca que eu quero deixar na memória do mundo? Como aquela estrelinha lá no céu, que seremos cada um de nós, gostaríamos se ser lembrados? Com uma biografia de uma linha: “nasceu, lutou, trabalhou e morreu”; ou algo mais variado do que isto? Eu tenho a impressão de que o universo não está nem aí para os nossos boletos, tenho quase certeza de que a natureza ignora completamente o tempo que perdemos respondendo e-mails e contando dinheiro. E sei que, insistentemente, ela nos convida para aquilo que realmente importa. Mas não ouvimos.

Você já teve algum sonho muito estranho? Já encontrou alguém e teve a impressão de que já o conhecia? E ficou muito à vontade? Você já amou alguém a ponto de acreditar ser de outra vida? Já se arrepiou com uma música? Ou chorou lendo um livro? Já teve uma vontade incontrolável de estar em outro lugar? De sair correndo? A angústia de ver novamente aquela obra de arte, ou filme, ou de falar com uma pessoa? Do nada, sentiu um cheiro ou veio um nó na garganta com alguma memória? A natureza nos chama a todo momento, a vida nos diz o que quer da gente o tempo todo. O sentido da vida é de dentro para fora. Então ouça a sua voz interior e seja a melhor pessoa que puder ser.

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