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  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Detox mental?

Detox é o termo derivado da palavra desintoxicação, originalmente usado na fisiologia para designar a eliminação do excesso de toxinas presentes no organismo, é uma das funções do fígado separar estas substâncias prejudiciais ao corpo e dos órgãos excretores as eliminarem. Também utilizada na nutrição de forma polêmica e controversa. Recentemente me deparei com o emprego do termo para falar de saúde mental, o detox mental ou emocional é aquele que nos incita a limpar a mente de pensamentos ditos negativos, dos medos, angústias, inseguranças, ansiedade, tristeza, indecisão, enfim, tudo aquilo que foi considerado prejudicial ao nosso bem-estar.

Mas será mesmo que todas estas emoções são assim tão tóxicas? É verdade que podem ser desagradáveis e que possamos ter dificuldades em atravessá-las, em passar por tudo isto, mas será que não existe um motivo para estas emoções surgirem? A resposta é sim. Todos estes afetos são importantes e essenciais para nos dizer sobre as nossas feridas, sobre os nossos limites e sobre os caminhos que precisamos seguir daqui para frente. Ao invés de nega-los compulsivamente poderíamos olhar com mais carinho para estes afetos, acolher suas mensagens e ouvir o que eles têm a nos dizer, são partes nossas que estão ali queixando-se de algo. 

Precisamos acabar com a positividade tóxica, a ditadura do bem-estar superficial, o verdadeiro bem-estar vem de um lugar mais profundo, depois que se passa pela barriga da baleia, depois que se aprende a lição do fundo do poço, negar os sentimentos negativos e tentar fazer lavagem cerebral com imagens bonitas é só jogar tudo para debaixo do tapete. Somos um todo e não devemos negar nenhuma parte. Nossa atitude não deveria ser a de nos mutilarmos, arrancar pedaços, considerar tóxico ou um inimigo a ser extinto só porque algo é desagradável. 

Não é necessário desintoxicar a mente, a única toxina que existe neste processo é o de tentar reprimir as partes julgadas como ruins da vida para tentar viver numa fantasia de bons pensamentos e sentimentos eternos, algo que é inexistente.

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