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  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Autossabotagem e autoestima

A autossabotagem, objeto de estudo das ciências psicológicas, é um intrigante fenômeno que nos faz questionar por que, diante de tantas oportunidades para o sucesso e a felicidade, às vezes nos colocamos obstáculos invisíveis. Em uma jornada repleta de enigmas psíquicos, a autossabotagem é como o detetive que surge em nosso próprio enredo, complicando a trama da vida. Ao adentrar o mundo da autossabotagem, encontramos uma rica teia de fatores e comportamentos. Procrastinação, autocrítica incessante, medo do fracasso, tudo isso se entrelaça para criar o cenário perfeito para o sabotador interno entrar em ação. Como um vilão de capa e máscaras invisíveis, ele parece desafiar nossa própria vontade e sabota nossos esforços mais nobres.


A autoestima é a semente da coragem que floresce em cada coração, iluminando os cantos escuros do Eu. É a dança mágica entre o amor-próprio e a autocompaixão, onde abraçamos nossas imperfeições com ternura, somos a própria arte da existência, em busca de plenitude e serenidade. Dentre seus pilares, que se erguem como defensores corajosos diante desse sabotador, podemos citar a autoaceitação, a autocompaixão, a autenticidade e o autocuidado. É como se cada pilar fosse um super-herói em nossa psique, lutando para nos manter firmes no caminho da confiança e do amor-próprio.


A autoaceitação, dotada de sabedoria e tolerância, nos ensina a abraçar nossas imperfeições e falhas como partes inerentes de nossa humanidade. Ao aceitar nossos aspectos sombrios e luminosos, conseguimos neutralizar os ataques do sabotador interno, revelando que ele também é apenas um fragmento de nós mesmos. Já a autocompaixão, com sua gentileza e compreensão, nos permite sermos nosso próprio melhor amigo. Ao acolhermos nossas dores e frustrações com compaixão, em vez de autocrítica, nos damos permissão para sermos humanos imperfeitos em busca do crescimento pessoal. A autenticidade, o herói da transparência e da verdade, nos convida a nos libertar de máscaras sociais e expectativas alheias. Ao sermos autênticos, honramos nossa essência genuína e afastamos a influência negativa do sabotador, que muitas vezes tenta nos moldar de acordo com ideais externos. Por fim, o autocuidado, um verdadeiro guardião do bem-estar emocional, nos lembra da importância de dedicarmos tempo para nutrir nossa mente, corpo e alma. Ao nos colocarmos em primeiro plano, estamos fortalecendo nossos pilares e criando uma base sólida para enfrentar os desafios da autossabotagem.


Em nossa complexidade psíquica, é essencial reconhecer que a autossabotagem não surge do nada. Ela pode ser enraizada em experiências passadas, traumas não resolvidos ou crenças nucleares. Na Psicologia Junguiana, a autossabotagem é compreendida como um fenômeno intrapsíquico no qual, o indivíduo, muitas vezes inconscientemente, age contra seus próprios interesses e objetivos pessoais. Pode ser vista como uma tentativa do indivíduo de se proteger de emoções ou conteúdos psíquicos desconfortáveis, uma espécie de defesa, mas que, em última instância, pode impedir o seu crescimento pessoal e a realização de seu potencial mais autêntico. Por meio da autoconsciência e do trabalho terapêutico, a Psicologia Analítica busca trazer à luz esses aspectos inconscientes, facilitando o processo de individuação e a integração de conteúdos à consciência.


Na psicoterapia, o que encontramos é um mergulho profundo em águas desconhecidas. É como se entrássemos num labirinto de palavras e sentimentos, tentando desvendar os enigmas da nossa própria alma. O psicólogo, com seu olhar cuidadoso e suas perguntas, nos guia por caminhos que nem sabíamos existir em nós, e ali, nas entrelinhas das conversas, nas pausas e no silêncio, vamos nos desvelando como um quebra-cabeça em montagem. É um encontro íntimo e corajoso, onde as sombras dançam com a luz e os medos se entrelaçam com os desejos mais secretos. Nas sessões, nos despedimos de máscaras e artifícios, e nos permitimos ser inteiros, mesmo que doa. A terapia é um desabrochar de flores e feridas, um encontro com o que somos e com o que podemos ser. E, em cada sessão, descobrimos um pouco mais de nós mesmos, uma escrita inacabada em constante reescrita, assim, a terapia é o encontro com a nossa própria humanidade.


Como investigadores de nossa própria mente, precisamos nos aventurar em nossos labirintos internos, descobrindo os porquês e reescrevendo os enredos que nos impedem de prosperar. Podemos encarar a autossabotagem como um mistério a ser desvendado, com paciência e amor. À medida que abraçamos nossa jornada psíquica, podemos transformar a autossabotagem em uma história de superação e de crescimento pessoal. E que vença o melhor de nós mesmos!

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