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  • Foto do escritorPsicólogo Renato Orlandi

Apertem os cintos, estão chegando as festas de final de ano

Sim. O combo perfeito que deveria lotar os consultórios dos psicólogos e psiquiatras, mas não o faz, afinal, este ano já está no final, ano que vem eu começo a terapia, junto com a dieta, os exercícios físicos, os estudos, a busca pelo meu príncipe encantado e o plano de ficar milionário investindo em renda variável com a minha excelente intuição. Pois é, mas o que ninguém conta é que as festas de final de ano, Natal e Ano Novo, são os momentos mais críticos para a saúde mental de quem anda desavisado por aí.

Existe um grande número de estudos que comprovam o aumento de sintomas depressivos e ansiosos nas pessoas em geral, pelas expectativas do final de ano, pelos relacionamentos interpessoais e também pelos pensamentos e reflexões existenciais que aparecem nesta época, também é observado o aumento no número de casos de suicídio no período e piora das condições emocionais pré-existentes com maior probabilidade de crises e surtos. Ou como chamamos, o velho espírito de Natal. 

É claro que as pessoas ficam mais emotivas, algumas pessoas ficam mais generosas, fazem doações, se voluntariam para ajudar e dão presentes para desconhecidos, outras montam cartões ou fazem lembrancinhas de agradecimentos ao porteiro do prédio e vizinhos que passaram o ano inteiro em clima de tensão, há ainda aqueles que aproveitam para reatar relações perdidas durante o ano, para perdoar, para ter aquela conversa difícil nas reuniões de família, também acontecem encontros de pessoas que moram longe, enfim, os sentimentos ficam mais aflorados.

Isto é muito bom, mas tem suas dificuldades, os encontros familiares podem ser grandes geradores de estresse e ansiedade pelos comentários passivo-agressivos disfarçados de aconselhamentos e intimidade, afinal, quem nunca ouviu aquele “toque” não solicitado a respeito do seu trabalho, do marido, dos filhos ou do próprio corpo, críticas e tentativas de readequações a velha moral da família e não puderam responder, por educação, por respeito ou mesmo para não ser aquele que quebrou o clima gostoso de festa, não é mesmo?

O negócio não fica tão melhor assim se dispensarmos este encontro tenebroso com a família no final do ano, existe uma grande porção de pessoas que vivem os piores dias do ano entre as festas de Natal e Réveillon justamente por ficarem sozinhas, a solidão bate à porta e é um dos principais fatores para a depressão e o suicídio. Porque se sentir só é ter a sensação de que nem a própria companhia vale a pena, e no final do ano as distorções cognitivas ganham a força do pensamento sobre o ano inteiro, isto é, começamos a fazer a retrospectiva do ano na nossa mente com o viés negativo, de tudo que fizemos de errado e de tudo que não foi bom e nos esquecemos dos planos e da nossa capacidade de melhorar.

Isto alimenta a desesperança, para que eu vou querer iniciar mais um ano se eu estou indo de mal a pior? É claro que precisamos tentar equilibrar este pensamento distorcido com as partes que deram certo também ou que serviram de aprendizado, também aquelas partes em que mostramos nossa força de vontade, nossa persistência e saber reconhecer a grande parte disto tudo que não controlamos. O verdadeiro sentido no Natal é este, o de trazer esperança.  

É um trabalho mental complicado elaborar a passagem de ano, deixar este terminar, fazer o luto, refletir de forma prospectiva sobre ele (e não tanto retrospectiva) e nos prepararmos para um recomeço. Se possível, faça isto com a ajuda de um psicólogo. E tenha, de verdade, boas festas!

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